“Dicotomia”
está relacionada à divisão. Todo ser humano é dividido e isto se evidencia em
conflitos internos. Tudo que somos é tocado por eles: nossos relacionamentos,
frustrações e sonhos.
Particularmente,
acho interessante o conflito existente entre o modo como nos vemos e o modo
como vemos os outros. Numa discussão, por exemplo, quando gritam conosco,
acreditamos que a causa do grito é a incapacidade do outro em controlar seu
temperamento. Mas, quando somos nós que gritamos não pensamos que o problema é
nosso temperamento, e sim a provocação do outro. Racionalizamos para nos
convencer que nossa reação foi adequada a algo que a outra pessoa fez.
Todos
acreditamos que nossos problemas são causados pela situação que vivemos, mas
quando pensamos nos problemas dos outros concluímos que são causados pela
personalidade dos mesmos.
Somos
reativos e isso gera um conflito de proporções épicas em nosso interior. Não
ouvimos o outro, ou melhor, ouvimos aquilo que gostaríamos de ouvir. Caso não
gostemos do que foi dito, interpretamos como algo agressivo e reagimos.
Também
sou reativo, extremamente! Por esta
razão quis escrever sobre a estratégia que adotei para tentar lidar com isso. A
reação é emocional e inconsciente. Diversas vezes reagimos de uma forma
desmedida e nos damos conta do quanto exageramos depois do ocorrido.
Que tal
trazer a reação para o consciente? Quando nos tornamos conscientes de nossos
conflitos internos, a explosão do primeiro momento, da espontaneidade, arrefece
e por um breve momento podemos analisar o que estamos fazendo.
Para
trazer à tona aquilo que gera um conflito interno basta se perguntar: Por que
estou reagindo assim? Por que estou fazendo isso? Por que isso me irritou?
Como num
passe de mágica conseguimos deter a primeira reação, ou pelo menos não a
deixamos crescer, e passamos a analisar a situação com mais clareza.
É
impressionante como boa parte de nossos conflitos internos derivam da resistência à mudança. Quando temos que fazer algo e protelamos; repare nas
desculpas que damos a nós mesmos. Esta é a hora de parar e perguntar: Por que
estou fazendo isso? Caso sejamos honestos, perceberemos que não há um único bom
motivo para adiarmos o que quer que seja.
Relacionamentos
amorosos são ricos em conflitos internos. Quando a outra pessoa faz algo que
lhe irrita, uma pequena coisa, e você reage com agressividade. Repare que, por
vezes, você sequer sabe a razão da irritação. O momento da raiva é a hora da
pergunta mágica “Por que?”. Discipline-se para sempre fazer essa singela
pergunta a si mesmo. Com o tempo irá perceber que boa parte dos problemas são
banais e, o que é ainda melhor, a outra parte pode ser resolvida, pois você,
finalmente, identificou a fonte do conflito.
Existencialismo?
ResponderExcluirUm pouco de cada corrente :)
ExcluirExatamente aquilo que sempre me questiono!
ResponderExcluirEm quase todos os meus textos eu coloco alguma referência sobre a maior de todas as dicotomias que o ser humano possui: o eterno conflito entre a emoção e a razão!
Pode até ser paradoxal, mas costumo medir meus atos através dos dois conceitos. É óbvio que preferiria sempre agir com a razão, mas é realmente impossível. Fora o fator que, admito para minha própria mente, sou orgulhosa. Ah, francamente todos são orgulhosos, em níveis diferentes é claro. Sua filosofia: "Por que estou fazendo isso?" é tentadora, porém infelizmente não consigo exercer esse questionamento para meu eu interior. Tenho a péssima mania de perguntar ao outro: "Por que fizeste isso comigo?" É vergonhoso, mas quase nunca faça a auto-pergunta, o que me deixa em desvantagem em diversos aspectos.
Adorei seu texto! Eu tinha 100% de certeza que essa postagem seria ideal para mim. Espero conseguir seguir sua ideologia, porque não gosto da forma como eu vivo meus atos. Muitas vezes, me arrependo depois!