A vida que merecemos

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Um bom começo...


           O que é preciso para que sejamos felizes? Pergunta difícil... Estou passando por um período que talvez forneça vislumbres de respostas.
            Acredito que tenhamos uma espécie de "tanque de estresse", existe um limite do quanto este tanque pode encher. Contas, trabalho, filhos, relacionamentos, colégio, universidade, trânsito... enfim, a vida. O primeiro passo é fazer o possível para manter o tanque no menor nível. Como? Caso não seja possível simplesmente encarar os problemas com serenidade, que tal eliminar aqueles que podem ser eliminados? 
            Existem certos confortos da modernidade que ajudam por um lado e atrapalham de outro. A questão seria pesar se mais ajuda ou atrapalha. Segue o meu exemplo:
             Nunca fui muito fã de dirigir. Trânsito, alagamentos, falta de local para estacionar, assaltos... Comecei a notar que, ao somar todos os pequenos problemas de se ter um carro, meu "tanque" ficava mais cheio do que se não tivesse. Fiz os cálculos. Moro perto do trabalho e não saio muito. Aderi aos aplicativos de transporte (Uber, 99 etc) e passei a gastar menos do que quando tinha carro e, principalmente, zerei o estresse relacionado à locomoção. Vou aos lugares e simplesmente desço do carro e entro, sem precisar procurar lugar para estacionar. Engarrafamento? Assisto Netflix no celular (com fone de ouvido, por favor) ou coloco alguma leitura em dia. Na última segunda feira (07/05/2018) minha cidade foi assolada por um dilúvio. Alagamentos, engarrafamentos, desespero... e eu? Deitado no banco de trás do Uber, dormindo. O motorista me acordou na porta de casa. A corrida ficou um pouco mais cara (dez reais a mais), mas a tranquilidade não tem preço. 
            Vendi o carro. Em um mês "desmotorizado" emagreci quatro quilos e o sono melhorou. Vou ao supermercado com mais frequência, como fica próximo de casa posso ir e voltar a pé (exercício). Ao caminhar mais, comecei a observar a cidade, as pessoas. Reflito mais, tenho novas ideias... 
            Concomitantemente com a venda do carro conheci uma pessoa que me fez um imenso bem, convivemos pouquíssimo tempo, pois mora em outro país, mas o impacto em minha vida foi transformador. Ela reavivou meu gosto por música, comecei a ouvir coisas novas, a realmente prestar atenção no que ouvia. Aqui segue mais um vislumbre do que pode ser parte da resposta da pergunta inicial. Ouça música! Faça com que seus momentos tenham trilha sonora, que sejam permeados de melodia! 
       Hoje estava voltando do supermercado, a pé, carregando duas sacolas, debaixo de um aguaceiro sem fim (protegido por um imenso guarda chuva) e com o fone de ouvido. O que seria um caminho penoso, acabou por ser um momento único; conforme as músicas se sucediam o mundo ao meu redor ganhava contornos  de película cinematográfica.
       Não digo que venda seu carro ou que comece a caminhar. Na realidade o segredo está em observar com atenção as pequenas coisas. Quanto mais coisas você tem para se preocupar, menos tempo sobra para viver de fato... Viver exatamente o momento em que você está, sem lamentar o passado ou temer o futuro. Pode não ser o segredo da felicidade, mas é um bom começo...