Quem é você? Não é uma pergunta fácil de se responder. Aprendemos, com o tempo, a compor uma persona que pouco tem relação conosco. Criamos um personagem, alguém adequado ao meio em que vivemos. É uma excelente estratégia de sobrevivência, mas o quanto este personagem tem de você? Ou, ainda mais importante, quem realmente vive a vida, você ou o personagem?
Até que ponto você deixa de ser você para atender às demandas deste ser ficcional? Adotamos um certo estilo, ouvimos certos tipos de música e escolhemos nossa profissão por livre e espontânea vontade, ou somos apenas um reflexo que visa corresponder ao que o meio espera de nós?
Peguei-me pensando nisso. Até que ponto eu sou eu? Consegui isolar diversos traços de personalidade que, arrisco dizer, pertencem ao ser ficcional criado por mim. Quanto mais pensava, mais confusa ficava a distinção entre "criador e criatura".
"Ser você mesmo" é complicado. Vivemos presos dentro de nós mesmos, com medo de assumir ideias, gostos e comportamentos que causariam insatisfação nos meios em que vivemos (família, trabalho, colégio, amigos...). Mesmo certas posturas tidas como demonstrações de genuína personalidade, na maioria dos casos, visam satisfazer a expectativa que o meio tem de nós. Na maior parte do tempo nossa personalidade é reativa e não proativa.
Essa máscara que criamos esconde muitas coisas, boas e ruins. Não digo que tenhamos que abrir mão do disfarce, mas acredito que ele deve compor uma parte menor de nós. Muito de nossa infelicidade talvez esteja relacionada à prisão que criamos para o nosso "eu". Permita-se ser um pouco mais você. Deixe que o prisioneiro receba um pouco da luz do sol e viva!