Em meio ao processo de estabelecimento de metas pessoais de um jovem - explico, presto uma espécie de personal coaching em que auxilio o indivíduo a abandonar antigos hábitos, estabelecer novos, alcançar objetivos específicos e, de certa forma, entender um pouco mais sobre si mesmo - ouvi o seguinte: "O que quero mesmo é ser feliz". Até aí nenhuma novidade, quem não quer?
Começamos o processo, árduo, de estabelecer o que seria a felicidade para ele. Houve uma certa dificuldade nesse ponto. Ele parecia não saber exatamente o que o deixaria feliz. Até que sacou o celular, abriu o aplicativo do Facebook e começou a mostrar os perfis de alguns amigos e disse: "É isso que eu quero!". Quando olhei, vi pessoas sorridentes, viajando, declarando amor a outras pessoas, saindo, alcançando seus sonhos... Enfim, deparei-me com três ou quatro pessoas que tinham a vida perfeita.
Quais as chances? Qual a possibilidade de existir tal nível de perfeição?
O ser humano é engraçado. Nossa felicidade depende de como nos localizamos em relação ao outro.
Em tempos de conectividade total via redes sociais isso é complicado. Quem gosta de espalhar aos quatro ventos seus infortúnios? Quem gosta de dizer aos outros que sua vida não é maravilhosa? Imagine a situação: Ao atualizar o status do Facebook o indivíduo coloca "se sentindo triste pois fracassei em todos os meus sonhos". Deprimente, não?
Agora o oposto: "se sentindo feliz pois um sonho foi realizado", seguido de um álbum com 200 fotos de uma viagem à Europa. Fantástico, não? Invejável, desejável, mágico... Quem não gostaria de estar no lugar dessa pessoa?
Pense um pouco. Uma viagem de quinze dias à Europa, o ano possui 365 dias. Quinze dias de sonho e os outros que não foram compartilhados? Como foram?
Quando olhamos a vida de outras pessoas, esquecemos que elas compartilham o que há de melhor e escondem o que há de pior. Mas nosso cérebro não pensa assim. Para todos os efeitos, encaramos o que observamos como regra e não como exceção. Portanto, ao compararmos com a nossa vida de altos e baixos, não há como não concluir que a vida dos outros é melhor que a nossa.
A fórmula da felicidade (de um tipo pelo menos) é simples: FELICIDADE = REALIDADE - EXPECTATIVA. Caso a realidade supere a expectativa somos felizes. Simples.
Olhando por este ângulo é preciso tomar muito cuidado com as redes sociais. Não devemos deixar que a vida dos outros se transforme em parâmetro para a nossa. Lembre-se, a propaganda é a alma do negócio e as pessoas aplicam isso em suas vidas digitais. Nem tudo que reluz é ouro.