Ética, moralidade, honestidade ou bondade. Não importa como você chame, mas o sentido é o mesmo. Fala-se em crise de valores, em decadência moral. Talvez tenha ocorrido, de fato, alguma queda na aplicação de valores morais. Mas não significa que em algum momento do passado fomos, realmente, morais.
Temos a mania de tratar a ética como se fosse uma peça de roupa. Hoje utilizamos, amanhã não. Valores não podem ser tratados dessa forma. Você não pode ser desonesto hoje e “compensar” sendo “duplamente honesto” amanhã. Não é assim que a banda toca.
Vivemos em uma sociedade onde se dizer honesto está na moda e ser honesto é ser ingênuo, “besta”. O “jeitinho brasileiro” nada mais é do que a exaltação da corrupção. Benefício particular em detrimento do coletivo, aquilo que costumamos relacionar aos políticos e grandes empresários. Entretanto, todos somos corruptos.
Ninguém nasce corrupto, tornamo-nos com o tempo. O processo é lento, mas inexorável. Pequenas corrupções, vantagens “inocentes” para que possamos ter a sensação de ganhos variados. Somos tolerantes com as grandes corrupções porque somos criados em meio de pequenas contravenções. Somos os primeiros a bradar que algo está errado, que fulano não deveria ter feito tal coisa. Damos lições de moral e ensinamos aos outros como serem pessoas honestas, justas e boas, para, logo em seguida, furarmos a fila, jogarmos lixo na rua, sonegarmos impostos…
Há tempos um sábio chamado Platão disse “O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior”. Achas a cobrança de imposto abusiva? Ótimo! Então faça alguma coisa para mudar isso! Lute! Ao sonegar você abre mão do direito de reclamar.
É fácil aconselhar os filhos a serem corretos, honestos, mas de que adianta isso se na primeira oportunidade você fura a fila do supermercado, sonega imposto, furta energia, permite que o filho menor de idade dirija ou suborna algum funcionário público? As pequenas corrupções se acumulam e brutalizam o indivíduo, fazem com que nos acostumemos com isso e toleremos as grandes corrupções, isso quando não as cometemos.
Cometemos erros, esse não é o problema. Realizar uma ação imoral inconscientemente e depois tentar consertar é normal, mas ter consciência de que a ação é errada e ainda assim realiza-la é a síntese da corruptividade.
Não existe honestidade pela metade. Sejamos morais por inteiro e que comecemos agora.